Apresentadora perdeu bebé…
O Tribunal de Setúbal emitiu uma sentença condenatória contra José Sacramento, um antigo médico obstetra do hospital de Setúbal, por conta da morte de uma bebé com 30 semanas, ocorrida em 2018. A mãe da criança é a ex-apresentadora Sara Santos, que só foi submetida a uma cesariana quatro horas após sua chegada ao hospital. Sacramento foi condenado a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, e foi ordenado a pagar uma indemnização de 55 mil euros, dos quais 35 mil são para Sara Santos e 20 mil para o ex-companheiro Carlos André. Além disso, o tribunal deu a opção de substituir a pena por uma contribuição de 4500 euros a uma instituição de crianças.
A juíza Marina de Oliveira fundamentou a condenação de José Sacramento, afirmando que “não havia margem para incertezas de que devia ter sido feita uma cesariana de urgência imediata e transferência [do hospital de Setúbal] para outra unidade hospitalar” da ex-apresentadora Sara Matos. Oliveira considerou provado o crime de homicídio por negligência, destacando a violação dos deveres de cuidado por parte do médico. A magistrada criticou o arguido por não demonstrar arrependimento pela morte do bebé e por não assumir a responsabilidade de sua conduta.
O tribunal considerou que, em vez de realizar procedimentos de urgência, Sacramento optou por manter a grávida sob observação, esperar por análises, hidratar e realizar a maturação pulmonar do feto, sendo a cesariana realizada apenas quatro horas depois. Infelizmente, o bebé não resistiu e veio a falecer.
O incidente ocorreu no dia 6 de fevereiro de 2018, quando Sara Santos chegou à urgência de obstetrícia do hospital de São Bernardo com tensão alta, náuseas e vómitos. A bebé, com 30 semanas de gestação, apresentava sinais preocupantes na cardiotocografia (CTG), um exame utilizado para monitorizar os batimentos cardíacos. A mãe foi medicada para a maturação pulmonar do feto em preparação para a cesariana, recebeu hidratação, e a bebé foi monitorizada durante o tempo em que esteve no hospital.
Perto das 17.45 horas, o diagnóstico da bebé mostrou que continuava a existir uma desaceleração do ritmo cardíaco e aí foi decidido preparar a sala de parto para extração da bebé, o que aconteceu às 19.20 horas. A menina morreu vítima de anóxia aguda, falta de oxigénio no sangue.
O Tribunal de Setúbal baseou sua decisão nos depoimentos de vários enfermeiros que acompanharam a grávida durante sua observação, concluindo que houve negligência por parte do médico. “Foi alertado várias vezes para o estado da grávida e optou por continuar a medicação”, afirmou a juíza do Tribunal de Setúbal. “Não foi profissional, nem sensato. Estes comportamentos têm que ser fortemente repreendidos pela sociedade portuguesa”, acrescentou a juíza Marina de Oliveira.
Ficou provado que o arguido devia ter realizado uma cesariana de urgência e transferência da bebé e da grávida para um hospital com Cuidados Intensivos Pré Natais, que o Hospital de Setúbal não tem, logo que Sara Santos deu entrada no hospital.
O médico defendeu-se dizendo que tudo fez para salvar a mãe e que não se exigia uma cesariana, uma vez que ela não se encontrava em trabalho de parto e havia sinais de que o bebé podia melhorar dentro do ventre.
A juíza considerou as alegações do arguido como incoerentes e inconsistentes, e criticou-o por nunca ter demonstrado arrependimento pela morte do bebé durante o julgamento, nem por ter assumido a responsabilidade pela morte como consequência de sua conduta.