Nos anos 80, o Tulicreme era muito mais do que um simples creme de barrar para o pão. Era um fenómeno cultural, um símbolo de infância e um dos produtos mais queridos pelos portugueses. Com o seu sabor único e a sua mascote icónica, o Urso Tuli, o Tulicreme marcou gerações e deixou uma marca indelével na memória coletiva do país.
O Urso Tuli e as suas transformações
O Urso Tuli, a mascote do Tulicreme, era tão popular quanto o próprio produto. Nos anos 80, o urso passou por duas mudanças de visual que o afastaram das suas origens realistas – onde era uma representação mais fiel de um urso pardo – e o aproximaram do estilo cartoonizado que dominava as mascotes da época. Estas transformações refletiam as tendências da animação e do marketing da altura, mas também mostravam a capacidade da marca para se reinventar e manter-se relevante.
Apesar das mudanças, o Urso Tuli manteve-se como um símbolo de afeto e diversão, conquistando o coração das crianças e tornando-se parte integrante da identidade do produto.
O sucesso do Tulicreme: Mais do que uma mascote
Embora o Urso Tuli fosse uma figura central na promoção do Tulicreme, o sucesso do produto ia muito além da sua mascote. Introduzido no mercado português em 1964, o Tulicreme rapidamente se tornou um “prazer guloso” a que poucos resistiam. A sua textura cremosa e o sabor adocicado conquistavam miúdos e graúdos, tornando-o um elemento fixo nos lanches das famílias portuguesas.
O preço acessível do Tulicreme também contribuía para a sua popularidade, fazendo dele uma opção económica e prática para as merendas escolares. Em certa altura, o produto chegou mesmo a ser incluído nos lanches oferecidos pelas escolas, consolidando o seu lugar como um clássico da alimentação infantil.
Novos sabores e parcerias memoráveis
O sucesso do Tulicreme levou à introdução de novos sabores, como o de avelã e, mais tarde, o de caramelo. No entanto, este último não teve a receção esperada e foi rapidamente retirado do mercado, dando lugar ao regresso do sabor original, que continuava a ser o favorito do público.
A marca também se associou a iniciativas que reforçavam a sua ligação com o público infantil. Uma das parcerias mais memoráveis foi com o Jardim Zoológico de Lisboa, onde o Tulicreme apadrinhava os ursos, e com o programa infantil Arca de Noé, que promoveu um concurso em conjunto com a marca. Os prémios de consolação incluíam peluches do Urso Tuli, que rapidamente se tornaram objetos de desejo para as crianças da época.
O declínio e a resistência do Tulicreme
Com o passar dos anos, o Tulicreme enfrentou desafios, especialmente com o aumento da consciencialização sobre os malefícios dos alimentos ricos em açúcar e gordura. Nutricionistas começaram a alertar para os riscos do consumo excessivo de produtos como o Tulicreme, o que levou a uma diminuição gradual da sua popularidade.
No entanto, tal como o Bollycao, outro ícone da alimentação infantil, o Tulicreme conseguiu resistir ao teste do tempo. Ainda hoje, o produto mantém um lugar nas prateleiras dos supermercados e no coração de muitos portugueses, que o recordam com nostalgia.
Um legado que perdura
O Tulicreme é, sem dúvida, um dos produtos mais lendários do comércio português. A sua história está intrinsecamente ligada à infância de várias gerações, e o Urso Tuli continua a ser uma figura querida na memória coletiva. Apesar das mudanças nos hábitos alimentares e nas tendências de mercado, o Tulicreme mantém-se como um símbolo de uma época em que os lanches eram simples, doces e cheios de sabor.
O Tulicreme e o Urso Tuli são mais do que uma marca e uma mascote – são parte da história de Portugal, uma lembrança doce de tempos que continuam a fazer sorrir quem os viveu.