Durante décadas, Teresa Guilherme foi, sem dúvida, a grande referência dos reality shows em Portugal…
Apresentadora carismática e voz incontornável da TVI, Teresa marcou gerações e formatos, tornando-se a verdadeira “rainha” deste género televisivo. Contudo, em recente entrevista ao programa ‘Siopa Convida’, na CM rádio, a veterana mostrou-se preocupada com o rumo que os reality shows têm vindo a tomar nos últimos anos.
“Antes só se fazia um por ano, o que era bem pensado porque criava um ‘apetite’ nas pessoas para verem o outro programa”, começou por explicar Teresa, sublinhando que a atual proliferação de edições consecutivas pode estar a saturar o público. “É como dar de comer às pessoas sem elas terem fome”, acrescentou, numa metáfora que ilustra bem o desgaste do formato quando transmitido sem pausas suficientes.
A importância do casting
Outra crítica forte da apresentadora passa pela seleção dos concorrentes, que considera fundamental para o sucesso do programa. “Não pode ser ‘atar e pôr ao fumeiro’… tem que se escolher. Se não tens uma casa recheada com pessoas que fazem movimentar a casa, é muito mais difícil”, afirmou. Esta observação levanta um alerta sobre a pressa na produção de conteúdos, que pode prejudicar a qualidade e o interesse dos espectadores.
O impacto nas audiências e na TVI
Apesar das críticas, Teresa reconhece que para a TVI, do ponto de vista comercial, o modelo de edições rápidas pode fazer sentido. Contudo, reforça que para manter a longevidade e o carisma destes formatos, é preciso respeitar o ritmo do público e apostar numa seleção cuidada dos participantes, para garantir emoção, controvérsia e, acima de tudo, autenticidade.
Um legado e um alerta
Teresa Guilherme não é apenas uma voz do passado; é também uma especialista que conhece profundamente os bastidores e a dinâmica televisiva. O seu alerta surge num momento em que a televisão portuguesa, assim como muitas outras no mundo, luta para encontrar o equilíbrio entre quantidade e qualidade em reality shows.
Com o streaming a ganhar terreno e o público a diversificar as formas de consumo, a opinião de Teresa Guilherme pode ser um chamado para repensar estratégias e apostar numa televisão mais sustentável, que saiba respeitar o tempo e o interesse genuíno dos espectadores.