Ex-apresentadora critica duramente a exibição repetida de imagens chocantes de uma mulher esfaqueada, e condena a postura de Cristina Ferreira e comentadores do “Dois às 10”
Rita Ferro Rodrigues utilizou as redes sociais para manifestar profunda indignação contra a TVI e Cristina Ferreira, na sequência da emissão da crónica criminal do programa “Dois às 10”, desta segunda-feira, 2 de junho. O motivo do protesto foi a repetição, em canal aberto, de imagens extremamente violentas que mostram uma mulher a ser brutalmente esfaqueada num parque de estacionamento junto ao Estádio de Alvalade. O conteúdo gráfico foi exibido com nitidez e sem filtros, chocando muitos telespectadores.
A ex-apresentadora criticou duramente a decisão da estação televisiva e dirigiu palavras especialmente duras a Cristina Ferreira e aos comentadores do segmento – Vera de Melo (psicóloga), Vítor Marques (inspetor-chefe da PJ) e Sofia Matos (advogada). “Hienas famintas e cheias de opiniões”, escreveu Rita, num texto inflamado onde apelou ao respeito pela vítima e pelos seus familiares. “A sua inominável tragédia está a dar em repeat, o seu terror a alimentar a guerra de audiências”, lamentou.
Rita recordou ainda a frase proferida por Cristina Ferreira noutro contexto mediático recente, quando afirmou que uma vítima “se pôs a jeito”. A comunicadora denunciou a insensibilidade destas declarações, destacando que vivemos numa sociedade onde mulheres continuam a ser culpabilizadas pela violência que sofrem: “Eu era aquela mulher que ‘se pôs a jeito’ porque marcou um encontro no Tinder, porque usou uma minissaia… e estava mesmo a pedi-las”.
A publicação de Rita Ferro Rodrigues gerou forte reação nas redes sociais, com inúmeras figuras públicas e anónimos a concordarem com o seu ponto de vista e a criticarem o sensacionalismo do canal. A jornalista sublinhou que o uso de imagens violentas para atrair audiências é um desrespeito profundo por todas as vítimas de violência de género e pelos telespectadores em geral. “Eu era aquela mulher e ligava a televisão e mais uma vez, agredida, desrespeitada, atacada, utilizada, comercializada…”, escreveu com veemência.
Esta tomada de posição relança o debate sobre os limites éticos do jornalismo televisivo e a forma como os meios de comunicação tratam casos de violência, sobretudo contra mulheres. Rita Ferro Rodrigues conclui o seu texto com um apelo à empatia, à decência e ao bom senso: “Somos todas aquela mulher: a que está no hospital a lutar pela vida, silenciada por facas machistas, e usada sem pudor numa guerra de audiências.” A polémica promete continuar, exigindo respostas por parte da TVI e da apresentadora Cristina Ferreira.
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