O jornalista foi um dos que aceitou fazer a cobertura da guerra na Ucrânia em direto e tem sido muito elogiado por isso…
Apesar desses elogios, o pivô revela que ficam sempre algumas marcas, mesmo recusando qualquer cenário de stress pós-traumático ou algo do género:
“Há coisas que são físicas e que mudaram em mim. A sensação dos foguetes, por exemplo. Ou ouvir sirenes dos bombeiros. Quando estamos lá, estamos sempre alerta. O som dos mísseis a explodir é muito forte e faz sempre diferença. Aqui com os foguetes é diferente, porque estás em Portugal, no Porto, no São João, mas de repente estala um e isso provoca sempre aquela sensação…”
O jornalista revelou também alguns episódios vividos na Ucrânia e contou que ele e Nuno Quá, repórter de imagem que o acompanhou, chegaram mesmo a correr risco de vida:
“Houve uma primeira semana em que os russos chegaram a entrar em Kiev. Houve uma noite muito complicada em que eu e o Nuno Quá estávamos num hotel na Praça Maidan, a dormir, e acordámos com aviões a passarem por cima do hotel, mísseis a caírem, explosões, um som muito intenso. Chegas à conclusão de que são os russos a chegar e que vão tomar conta da cidade”.
“Acabou por não acontecer, mas eles estiveram muito perto de nós, naquela zona onde estava o nosso hotel. Nós fomos vivendo várias fases da guerra, desde esta primeira em que os russos estavam a chegar. Depois viemos para Portugal, houve uma ordem para sairmos de lá. Regressámos duas semanas depois, com Kiev meio cercada, russos muito perto, e todas as noites ouvíamos bombardeamentos. Era muito intenso. Eu e o Nuno chegámos a viver situações que não falámos, mas que nos ficam na memória. Haverá momentos para falar sobre isso. Mas corremos risco de vida”, recordou.
Apesar disso diz que provavelmente voltará e ainda este ano:
“É difícil desligarmo-nos. A guerra ainda continua e acho que para todos os repórteres que lá estiveram e que viveram aquilo que eu também vivi, há um magnetismo que nos puxa para continuarmos a fazer o nosso trabalho lá. Eu sinto isso. Não é ir amanhã, mas sinto que ainda irei voltar à Ucrânia neste ano. Tenho a certeza absoluta. Já, já, não, porque a guerra está numa fase complicada, num impasse, não é uma boa altura para voltar, mas é importante manter viva a cobertura da guerra para que ela não caia no esquecimento das pessoas”.
Por fim, recordou algumas polémicas que se desenrolaram entretanto nas redes sociais e causam sempre algum incómodo:
“Nesta guerra surgiram rumores nas redes sociais de que os jornalistas ganham balúrdios. Isso é completamente falso. E isto não é nenhuma crítica, nenhuma queixa. É aquilo que é pago. Nós temos um sentido de missão e é por isso que lá vamos, mas recebemos tanto na Ucrânia como receberíamos em Badajoz. São as ajudas de custo, 89 euros, e a pernoita, de 30. Isto será assim na RTP, na SIC e na TVI. Ninguém vai para lá para enriquecer, mas sim para contar o que está a ver, fazer o melhor trabalho possível, com um espírito de missão muito grande pelo seu canal, pela sua profissão, e mais nada”,
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