A passagem de ano mais conhecida de sempre! Na transição do ano 1999 para 2000, o mundo viveu um misto de ansiedade e pânico. Era o chamado Bug do Milénio (Y2K), uma potencial falha informática que ameaçava lançar a tecnologia global no caos. Mas será que o problema foi real ou apenas uma histeria tecnológica amplificada pelos meios de comunicação e pela indústria informática?
O que era o Bug Y2K?
A questão central do Bug do Milénio (Y2K) estava centrada no formato das datas nos sistemas computacionais. Para poupar memória, a maioria dos sistemas da época usava apenas dois dígitos para representar os anos. Por exemplo, “98” referia-se implicitamente ao ano de 1998 e “99”, a 1999. Todavia, o problema era precisamente o que iria acontecer quando a data chegasse a “00”. O maior receio era de que os sistemas interpretassem o ano como 1900, em vez de 2000, o que iria provocar falhas generalizadas, nas mais diversas áreas, em programas que dependiam de uma cronologia correta.
Como é habitual e frequentemente mostrado em filmes catástrofe, apesar dos problemas serem e estarem identificados, há sempre quem os relegue para segundo plano ou os ignore. Foi precisamente o que aconteceu com Bob Bemer, um programador da IBM, que identificou este problema nos anos 70. Infelizmente, não foi levado a sério, em parte devido às limitações tecnológicas e financeiras da época. Na década de 60, armazenar dados era caro e cada byte contava.
As Previsões Catastróficas
O impacto potencial do Bug do Milénio (Y2K) parecia apocalíptico. Havia o receio de:
- Falhas em infraestruturas críticas, como redes elétricas, transportes públicos e centrais nucleares.
- Colapso financeiro, com bancos incapazes de calcular juros ou processar transações, recuando no tempo digital, para o ano de 1900.
- Aviões que poderiam cair, devido a falhas nos sistemas de navegação, geolocalização e até comunicação.
Os meios de comunicação alimentaram este receio e paranoia generalizada, com manchetes que previam o caos como sendo iminente. Em sentido contrário, vários especialistas da área tecnológica, juntamente com os governos e as empresas, começaram a agir, implementando medidas corretivas, a partir do investimento de centenas de bilhões de dólares em medidas preventivas, que passaram, na sua grande maioria, por migrarem e atualizarem sistemas e softwares para atualizar as plataformas para os quatro dígitos e, com isso, prevenir as falhas tão receadas.
O Que Realmente Aconteceu na Passagem de Ano de 1999 para 2000?
Na realidade, e felizmente, o Bug do Milénio (Y2K) acabou por ser um “não-evento”. O investimento massivo na prevenção resultou em pleno e os problemas registados acabaram por serem mínimos. No entanto, isso não significa que tudo o que se receou na altura, tivesse sido um mito, bem pelo contrário. O problema era real e a ação preventiva tomada por empresas e governos demonstrou a importância de antecipar riscos e possíveis consequências.
Todavia, foram ainda registados alguns incidentes, classificados como menores, para a gravidade dos que se temiam, como a falha de um sistema meteorológico nos EUA e alguns problemas em parquímetros na cidade de Nova Iorque. No entanto, os cenários catastróficos que se previam nunca se chegaram a concretizar, devido à rápida intervenção de todos os envolvidos.
Curiosidades sobre o Bug do Milénio (Y2K)
- Empresas como a Microsoft e a IBM, ambas na área da informática, obtiveram lucros significantemente elevados, quando ofereceram soluções para mitigar o problema que se adivinhava.
- No Japão, foram vendidos kits de sobrevivência para o caso de falhas generalizadas nos serviços públicos.
- O pânico foi tão intenso que, em alguns países, como os EUA, várias fossas as pessoas que construíram bunkers, com capacidade para vários ocupantes e com todos os bens necessários, como alimentos e condições de higiene, para se sobreviver por um período de tempo.
Poderá o Mesmo Evento Acontecer Novamente?
A resposta é simples! Sim, este tipo de eventos poderá mesmo repetir-se. É, aliás, um dos próximos desafios globais, com o Efeito 2038. Em tudo semelhante ao Bug do Milénio (Y2K), é um problema que afeta sistemas baseados em Unix e que usam 32 bits para contar segundos, desde 1 de janeiro de 1970. Isto significa que, no dia 19 de janeiro de 2038, precisamente às 03:14:07, esses sistemas podem “rebobinar” para 1970, causando as tão temidas falhas semelhantes àquelas que receámos no Y2K.
Apesar de muitos dispositivos já usarem arquitetura de 64 bits, ainda há muitos equipamentos mais antigos que precisam de ser atualizados. A questão que se coloca com o Efeito 2038, recorda-nos da importância extrema de termos a tecnologia constantemente adaptada às exigências, tanto do presente como as do futuro.
As Aprendizagens do Y2K
O Bug do Milénio (Y2K) foi e continua a ser uma referência na história da cibersegurança, palavra muito em voga na atualidade. Além de nos mostrar as implicações possivelmente catastróficas da tecnologia e da falta de investimento na atualização desta, provou igualmente que os riscos são reais, reforçando a importância extrema da prevenção no meio tecnológico. Mais importante ainda, mostrou de forma clara e inequívoca às empresas e governos que antecipar problemas pode, de facto, evitar desastres ou pelo menos minimizá-los, aprendizagem essa que ainda ecoa na era digital.
O Bug do Milénio (Y2K) pode não ter causado o caos que muitos previram, mas revelou algo mais importante: a fragilidade da dependência tecnológica e a importância de estar sempre um passo à frente, factos que temos vindo a constatar por variadíssimas vezes nos últimos anos, vinte e quatro anos depois.
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