Com uma mistura ousada de sensualidade e notícias, Nuticias desafiou tabus e conquistou uma audiência jovem com a irreverência das suas apresentadoras.
Em 2002, a SIC Radical estreava Nuticias, um programa irreverente, que misturava informação e sensualidade e que rapidamente captou as atenções do público. O formato era simples, mas ousado: as notícias eram lidas por apresentadoras, que se iam despindo enquanto relatavam os principais acontecimentos do dia.
Inspirado em “Nakednews.com”, no qual várias apresentadoras se iam gradualmente despindo conforme iam dando as notícias, a ideia original, segundo o que foi possível apurar foi, no entanto, Russa quando Moscovo, no ano 2000, transmitiu um programa com uma frequência semanal chamado de “Naked Truth” (Verdade Nua). O início de Nuticias coincidiu com o primeiro aniversário do canal, que começou as suas emissões em Abril de 2001.
Paula Coelho
Paula Coelho foi a primeira a ocupar esta posição desafiadora e, quando tirou pela primeira vez a roupa à frente das câmaras enquanto lia as notícias mais importantes do dia, todas as atenções se centraram, além da sua protagonista, claro, na Sic Radical, um canal que pretendia ser irreverente e polémico. Apesar de toda uma irreverência, natural e sensualidade com que Paula Coelho apresentava as notícias, a verdade é que depressa o “formato” depressa se esgotou. Após a exibição recorrente dos episódios, a verdade é que os “segredos ocultos” ficariam a descoberto, acabando por arrefecer o entusiasmo do público.
Carla Ramos
Carla Ramos seria a escolhida para suceder a Paula Coelho e vinha com o objetivo de quebrar a rotina que entretanto se instalara. Segundo a própria, “o seu estilo de apresentação era mais relaxado, mais brincalhão e mais dado às expressões faciais”, ao contrário de um registo mais sério por parte da sua antecessora. “Dão-me liberdade para fazer o que quero”, disse Carla, que adotou um estilo mais informal, recheado de piadas e expressões faciais, registo isso que depressa conquistou o público.
O Sucesso
O sucesso de Nuticias não foi apenas um reflexo do formato provocador, mas também da mudança gradual na sociedade portuguesa, que se mostrava menos conservadora em relação a conteúdos televisivos mais arrojados. “Há alguns anos seria impensável um programa destes”, afirmava Carla, sublinhando que apenas um canal como a SIC Radical poderia ter dado espaço a um projeto tão ousado. A SIC Radical, conhecida pelos seus programas de cariz mais alternativo e irreverente, oferecia assim um programa que, além de entreter, desafiava algumas normas sociais.
É importante lembrar que, no início dos anos 2000, não havia Facebook ou qualquer outra rede social com relevância igual à forma e à facilidade de acesso ao conteúdo como hoje conhecemos e os conteúdos que o programa Nuticias apresentava, mas principalmente a forma como os apresentava não eram, na altura, tão fáceis de aceder como hoje. Os smarthpones praticamente não passavam de um sonho por concretizar e, na altura, sobressair era relativamente mais fácil, com um público menos conhecedor do que o rodeava e, principalmente, numa altura muito menos competitiva no que ao mundo televisivo diz respeito, do que a que se vive atualmente.
As Audiências
As audiências de Nuticias mantiveram-se sólidas durante todo o período em que foi transmitido, com o público jovem e adulto rápida e facilmente a aderir à mistura de humor e sensualidade. O programa foi especialmente popular entre os homens, mas a sua proposta original e carismática, aliada à popularidade da SIC Radical entre os espectadores mais alternativos, garantiu-lhe um lugar de destaque no canal, durante o início dos anos 2000.
O Vestir Final para Sair de Cena
Nuticias terminou em 2003, após uma passagem marcante pela SIC Radical. Apesar do seu formato ousado poder não ter agradado a todos, o programa conseguiu abrir um novo capítulo na televisão portuguesa, ao desafiar convenções e captar a curiosidade de uma audiência jovem e em busca de algo diferente e, quem sabe, descobrir recantos novos dentro da tão famosa “caixinha mágica”.
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