As reflexões sobre a Cultura Cigana…
Nininho Vaz Maia, o icónico artista que conquistou o coração dos portugueses, revelou detalhes íntimos sobre a trajetória e as percepções sobre a comunidade cigana em uma entrevista ao podcast “Geração 80”. Nascido em fevereiro de 1988, em Lisboa, e criado no bairro da Picheleira, conhecido como um dos maiores e mais antigos bairros de barracas da cidade, Nininho compartilhou como a vida difícil e a presença do pai preso moldaram a juventude.
Durante a conversa com Francisco Pedro Balsemão, Nininho Vaz Maia recordou a importância do projeto de integração social “Sementes a Crescer” na sua vida. Este programa foi crucial para a trajetória, ajudou-o a escapar dos “maus caminhos” que poderiam ter dominado a sua vida. “Sem o acompanhamento daqueles profissionais, o mais provável era sair da escola e andar pelas ruas a fazer porcaria, a roubar,” confessa o artista, que deixou a escola aos 16 anos. O projeto, que ofereceu atividades e apoio durante as férias, foi uma tábua de salvação em um momento crítico da vida.
A infância de Nininho foi marcada por desafios, como a falta de oportunidades e a ausência da figura paterna em momentos importantes. Ele lembra com saudade dos verões passados no bairro, onde, mesmo com a ausência do pai e tios que estavam presos, encontrou nas brincadeiras com berlindes uma forma de escape e diversão. Essas lembranças foram revividas recentemente quando trouxe berlindes para o podcast, reflete a simplicidade e a alegria que encontrou na infância.
A mudança na vida de Nininho começou com a entrada no mundo da música. Em 2014, um vídeo viral nas redes sociais mostrou o artista a tocar guitarra e cantar enquanto usava uma pulseira eletrónica devido a prisão domiciliária. Este momento foi um marco que catapultou a carreira, e hoje, Nininho é um dos artistas mais proeminentes do país. O próximo objetivo é encher o MEO Arena, um sonho que simboliza o sucesso que alcançou a partir das humildes origens.
Na entrevista, Nininho também refletiu sobre a cultura cigana, que descreveu como ainda muito “fechada” e resistente à integração. Ele expressou um desejo de evolução dentro da comunidade, reconhece a necessidade de mudar a percepção interna e externa do povo cigano. “Nós somos criticados mas também criticamos muito. Dizemos que não existe aceitação mas não nos conseguimos integrar afirma. Esta reflexão não só destaca a luta pessoal de Nininho, mas também abre um diálogo importante sobre a evolução e a aceitação dentro da comunidade.
A conversa no “Geração 80” oferece uma visão profunda sobre a vida e a mentalidade de Nininho Vaz Maia, mostra como ele se tornou um exemplo inspirador para a comunidade e para aqueles que enfrentam adversidades semelhantes. O podcast, guiado por Francisco Pedro Balsemão, continua a explorar a rica tapeçaria da vida em Portugal nos anos 80, destaca histórias de resiliência e transformação pessoal.