Tribunal de Lisboa considerou provado um dos maiores esquemas de fuga ao IVA em Portugal; ex-apresentadora afastou-se judicialmente do processo com caução de 100 mil euros
Max Cardoso, marido da antiga apresentadora da TVI Ana Lúcia Matos, foi condenado esta sexta-feira a sete anos e seis meses de prisão efetiva por envolvimento numa fraude fiscal de grande escala, que lesou o Estado português em mais de 80 milhões de euros. A decisão foi proferida pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa, no âmbito da chamada Operação Admiral, um dos maiores casos de evasão fiscal alguma vez julgados em território nacional.

Além de Max Cardoso, também os arguidos Prathikouhn Lavivong (sete anos), Filipe Fernandes (oito anos) e Sandra Garcia (cinco anos) receberam penas de prisão efetiva. Os juízes deram como provada a maior parte da acusação, considerando comprovados os crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e corrupção no setor privado. A acusação de associação criminosa, contudo, foi retirada.
O esquema, criado em 2016 por Lavivong e Fernandes, recorria a empresas-fantasma e testas-de-ferro para montar um complexo circuito de faturação falsa e simulação de transações comerciais que permitiam fugir ao pagamento de IVA. Max Cardoso teve um papel central na engrenagem, garantindo a execução das operações e assegurando o funcionamento da rede em Portugal.

O caso envolve 26 arguidos — 11 pessoas e 15 empresas — e terá causado um prejuízo superior a três mil milhões de euros em toda a Europa. O tribunal determinou ainda a dissolução das empresas envolvidas e aplicou-lhes coimas pesadas. A confissão do cidadão francês Lavivong, considerado o cérebro da rede, foi essencial para sustentar a acusação.
Quanto a Ana Lúcia Matos, foi inicialmente detida, mas o seu processo por branqueamento de capitais foi suspenso provisoriamente mediante o pagamento de uma caução no valor de 100 mil euros. A ex-apresentadora não foi condenada, mas o seu nome permanece associado a um dos mais mediáticos escândalos judiciais dos últimos anos em Portugal.