Eduardo Ferreira, amigo próximo e herdeiro inesperado de Marco Paulo, quebra o silêncio sobre a sua relação com o cantor e os desdobramentos da disputa em torno do testamento do artista
A morte de Marco Paulo, a 24 de outubro, deixou não apenas um vazio no panorama musical português, mas também uma série de questões sobre a gestão da sua herança milionária, avaliada entre 60 a 80 milhões de euros. Além dos dois herdeiros previamente conhecidos — Marco António, afilhado do cantor, e António Coelho, seu compadre — um terceiro nome emergiu no testamento: Eduardo Ferreira, bombeiro da Companhia de Sapadores de Braga e amigo próximo do artista.
Uma amizade inesperada e uma surpresa no testamento
Eduardo Ferreira, de 39 anos, conheceu Marco Paulo há cerca de quatro anos, após gravar um vídeo com colegas de turno interpretando a música Último Adeus do cantor. Esse encontro deu início a uma amizade que se consolidou com visitas regulares do artista a Braga. “Vinha pelo menos uma vez por mês e convivia comigo e com a minha família”, revelou Eduardo ao Correio da Manhã.
Surpreendentemente, o cantor decidiu alterar o seu testamento em 2023 para incluir o amigo. Eduardo ficou com 10% da fortuna, o que equivale a um mínimo de seis milhões de euros. Apesar disso, ele garante que nunca pediu nada a Marco Paulo: “Era amigo dele pela pessoa que era, não pelos bens materiais.”
“Afinal existe um quarto herdeiro: o Governo”
Com o desfecho da herança, Eduardo Ferreira usou as redes sociais para criticar, de forma irónica, o peso dos impostos associados ao processo. Segundo a lei, os herdeiros que não são familiares diretos do falecido estão sujeitos ao pagamento de 10% em Imposto de Selo, o que, neste caso, poderá chegar a oito milhões de euros. “Afinal existe um quarto herdeiro: o Governo”, comentou o bombeiro, não escondendo a sua indignação.
“Vou continuar a trabalhar e a fazer a minha vida normal”
Apesar da fortuna inesperada, Eduardo afirma que a sua vida não mudará. Em declarações ao Jornal de Notícias, garantiu que continuará a exercer a sua profissão como bombeiro em Braga. “Nunca me passou pela cabeça deixar a minha vida profissional na Companhia de Bombeiros Sapadores. Nada vai mudar”, afirmou.
Eduardo revelou ainda que só soube que era herdeiro na segunda-feira seguinte à morte de Marco Paulo: “Foi uma bomba para mim, não estava à espera.” No entanto, mantém-se firme em reforçar que a amizade com o cantor nunca teve um interesse material: “Se me perguntarem o que Marco Paulo tinha ao certo, não sei dizer, nunca foi a minha preocupação.”
Uma herança envolta em polémicas e sentimentos
A inclusão de Eduardo Ferreira no testamento de Marco Paulo foi recebida com surpresa, tanto pelo público quanto pelos familiares do cantor. No entanto, a sua reação demonstra gratidão e respeito pela relação que partilhou com o artista. Com o processo ainda em andamento e um valor significativo em jogo, é provável que as controvérsias em torno da herança de Marco Paulo continuem a marcar os próximos capítulos desta história.
Enquanto isso, Eduardo permanece fiel aos seus princípios e à memória do amigo que o considerou parte importante da sua vida até ao fim.