Combates épicos, heróis musculados na forma de “Gladiadores Americanos” e um fenómeno de entretenimento que marcou uma geração em Portugal.
Em meados da década de 1990, época dos heróis de ação “puros e duros”, musculados e ultra combativos, um programa norte-americano fez furor nas televisões portuguesas: Gladiadores Americanos (American Gladiators). Com uma mistura irresistível de ação física, drama e entretenimento, esta foi uma série que rapidamente se tornou num sucesso televisivo, prendendo ao ecrã milhões de espectadores, não só em Portugal, mas um pouco por todo o mundo. O conceito simples e igualmente empolgante, trouxe uma nova dimensão ao entretenimento televisivo.
O Formato e o Conceito
Gladiadores Americanos surgiu nos Estados Unidos, em 1989, criado por Johnny C. Ferraro e Dan Carr. Consistia numa competição que colocava atletas amadores frente a frente com temíveis “Gladiadores” – personagens altamente treinados em força, agilidade e resistência. Os concorrentes eram desafiados a participar em diversas provas físicas de elevado risco e intensidade, que testavam os seus limites em disciplinas como luta, escalada, corrida, além de confrontos diretos.
Cada episódio era composto por várias rondas de provas, tais como Joust (na qual os concorrentes, com recursos a bastões acolchoados tinham de derrubar o adversário de plataformas muito pouco estáveis), Powerball, Assault (em que o objetivo consistia em desviarem-se de bolas disparadas pelos gladiadores enquanto os concorrentes percorriam um percurso de obstáculos), The Wall e Hang Tough, culminando numa prova chamada The Eliminator, a grande final do episódio, uma corrida de obstáculos que requeria força, velocidade e muita coragem.
Os Gladiadores
Não há dúvida que os gladiadores eram as estrelas de ação na vida real, portanto, a parte mais importante e chamativa, o coração do programa. Com nomes de guerra imponentes, como Nitro, Viper, Laser, Ice e Zap, estes verdadeiros heróis do fitness acabaram por se tornar ícones da cultura pop numa época já com fortes indícios da influência fitness. Estes atletas, com corpos esculpidos e carisma de sobra, eram tão ou mais importantes que os concorrentes e a sua presença intimidante, bem como as suas personalidades marcantes, acabariam por transformar alguns deles em autênticas celebridades.
Alguns dos Gladiadores Americanos mais marcantes foram Nitro, conhecido pela sua atitude confiante e pela sua velocidade nos desafios. Outra personagem emblemática era Ice, uma gladiadora que combinava força e elegância. Thunder, um autêntico gigante loiro com uma personalidade cativante, também conquistou os fãs portugueses com a sua postura amigável e competitiva, entre outros nomes, como Gemini e Lace, que acabariam por se tornar familiares para os espetadores portugueses.
Gladiadores Americanos também contou com apresentadores igualmente carismáticos, como é o caso de Hulk Hogan, um dos maiores sucessos à época do mundo do Wrestling e a conhecida pugilista Laila Ali, numa versão mais recente, em 2008.
Impacto Cultural e Popularidade em Portugal
A exibição de Gladiadores Americanos, em Portugal, pela SIC, acabaria por transcender o típico programa televisivo da época, acabando por se tornar numa fonte de inspiração para toda uma geração que começava a interessar-se pela cultura fitness, um pouco à imagem do que já acontecia na década de 90 com o cinema, com o típico herói de ação musculado e combativo. O interesse à volta de desportos de competição e, mais concretamente, de Gladiadores Americanos, foi de tal importância e sucesso, que acabou por ser responsável pelo aparecimento de variadíssimos exemplos de merchandising com produtos licenciados, desde videojogos a brinquedos.
O formato diferente, mas cativante, aliado às acrobacias espetaculares e ao suspense competitivo, transformou-se num verdadeiro evento televisivo. Jovens e adultos reuniam-se à frente do televisor para, semanalmente, assistir aos confrontos, torcer pelos concorrentes e impressionar-se com as capacidades dos gladiadores.
Bastidores Revelados (O Lado Negro e Desconhecido)
Mais recentemente, em 2023, um documentário da Netflix intitulado “Forte e Feio: Uma História Não Autorizada de Gladiadores Americanos” revelou um dos lados mais negros e chocantes e talvez até mais desconhecidos dos bastidores do programa. O documentário explora temas como violência, sexo e drogas que permeavam os bastidores desta produção, aparentemente familiar, com algumas revelações verdadeiramente inesperadas e com muitos dos atletas a queixarem-se, principalmente, do extenuante esforço físico a que estavam sujeitos numa base diária, bem como à viciação em torno de analgésicos e outras drogas, para colmatar as frequentes lesões graves que alguns chegaram a sofrer.
Curiosidades
- A popularidade do formato original foi tão grande que originou várias versões internacionais. Além disso, em 2008, nos Estados Unidos, houve uma tentativa de ressuscitar o programa com uma nova versão, que contou com a participação de lutadores profissionais e estrelas do Wrestling, como Hulk Hogan.
- O sucesso de Gladiadores Americanos não se restringiu apenas ao ecrã. Na altura surgiram videojogos, brinquedos e até uma adaptação para banda desenhada.
- Alguns dos gladiadores seguiram carreiras de sucesso em Hollywood. Nitro, por exemplo, tornou-se ator e argumentista, participando em produções de cinema e televisão.
- Hollywood Yates, que interpretava o gladiador Wolf, tinha um passado como toureiro e palhaço de rodeio.
O Que Ficou
Embora já não seja transmitido nas nossas televisões, Gladiadores Americanos continua a ser recordado com nostalgia. Para muitos, representou uma era dourada da televisão, onde o entretenimento físico e competitivo ainda tinha um lugar de destaque. O seu formato inovador e a sua capacidade de misturar desporto, espetáculo e drama televisivo acabaria por influenciar inúmeros programas posteriores. Com atletas que pareciam saídos de histórias em quadrinhos e competições dignas de filmes de ação, esta série televisiva deixou uma marca indelével no coração dos portugueses.
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