Ex-chefe de Estado foi preso em Maceió após ordem do Supremo Tribunal Federal para iniciar pena de quase nove anos de prisão

Fernando Collor de Mello, antigo Presidente do Brasil e figura central da política brasileira nos anos 90, foi detido esta sexta-feira, 26 de abril, em Maceió, quando se preparava para viajar para Brasília. O ex-chefe de Estado, de 75 anos, foi surpreendido por uma ordem de prisão imediata, emitida pelo juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para cumprimento da sua pena por corrupção passiva e branqueamento de capitais.
Condenado em 2023 a oito anos e dez meses de prisão, Collor aguardava em liberdade enquanto o seu último recurso era avaliado. No entanto, o magistrado considerou que os pedidos de reavaliação tinham “caráter meramente protelatório” e rejeitou-os, determinando a detenção imediata do ex-presidente. A defesa, que afirma ter sido “apanhada de surpresa”, garante que o ex-senador pretendia apresentar-se voluntariamente em Brasília.
O ex-Presidente foi detido por volta das 04h00 da manhã (hora local) nas instalações da Polícia Federal de Maceió, capital do estado de Alagoas, onde Collor reside. Segundo os advogados, o político tinha intenções de cumprir a pena “sem prejuízo das medidas judiciais” ainda em curso. A defesa mostra-se preocupada com a rapidez da execução da ordem judicial, que consideram “injustificada”.
Collor de Mello foi o primeiro Presidente eleito por sufrágio universal direto no Brasil após a ditadura militar, em 1990. No entanto, o seu mandato foi encurtado por um processo de impeachment por corrupção, forçando a sua demissão em 1992. Regressaria à vida política em 2006 como senador pelo estado de Alagoas, mantendo-se ativo até ao final de 2022, com ligações próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A condenação de Collor surge no âmbito da investigação Lava Jato, que revelou um esquema de corrupção de grandes dimensões envolvendo a Petrobras e diversas empresas de construção civil. O ex-presidente foi considerado culpado de facilitar contratos fraudulentos entre empresas privadas e a estatal petrolífera, num caso que marca mais um capítulo sombrio da história política brasileira.




