Pela primeira vez, a família Balsemão admitiu publicamente que o futuro da Impresa – grupo que detém a SIC e o Expresso – pode passar pela venda a investidores estrangeiros…
Segundo informações recentes, decorrem negociações com a MediaForEurope (MFE), empresa fundada por Silvio Berlusconi, cenário que poderá marcar uma viragem histórica no panorama dos media em Portugal.
A notícia gerou forte repercussão, reacendendo o debate sobre o legado e o declínio do império fundado por Francisco Pinto Balsemão. Entre as muitas vozes que reagiram, destacou-se a do escritor Luís Osório, que dedicou ao tema a sua mais recente crónica, “Só Entre Nós”, publicada no Jornal de Notícias.
“Escreve-se sem honra ou respeito pelo passado. É tudo poeira, espetáculo e superfície. (…) Só o hoje conta, amanhã é sempre longe demais”, começou por refletir Osório, numa crítica à velocidade e efemeridade do tempo mediático atual.
O cronista contextualizou a sua análise com a possibilidade de falência e venda do grupo fundado por Balsemão, lembrando o papel pioneiro que a Impresa teve no jornalismo português.
“O grupo que revolucionou o modo de comunicar, que nasceu na Primavera Marcelista para ser o fio do horizonte de uma ideia de liberdade, é o mesmo que agora não tem armas para se opor à morte de um tempo”, escreveu.
Osório termina com uma reflexão sobre o próprio Francisco Pinto Balsemão, a quem reconhece mérito histórico, mas também responsabilidade no estado atual do grupo:
“O combate pelas audiências, a apologia do presente e a transformação da política em ‘sound-bytes’ e ‘fast-food’ é uma herança que também tem a sua marca. De tanto desejar ser futuro, Balsemão ficou prisioneiro do presente. É cruel e injusto, mas é o que é.”
O possível controlo estrangeiro da Impresa levanta agora questões sobre o futuro da independência editorial em Portugal e sobre o destino de um dos maiores grupos de comunicação da história democrática do país.
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