A atriz e encenadora tinha 85 anos…
A atriz e encenadora Graça Lobo, uma figura icónica do teatro português, faleceu nesta segunda-feira, dia 9 de setembro, aos 85 anos, em Torres Vedras. Fundadora da Companhia de Teatro de Lisboa, Graça teve uma carreira que se estendeu por quase cinco décadas, marcada pela sua dedicação ao teatro contemporâneo e pela interpretação de obras de dramaturgos notáveis como Luigi Pirandello, Samuel Beckett, Jean Genet, Harold Pinter e Henrik Ibsen.
Graça estreou-se em 1967 na Casa da Comédia, com a peça “Noites Brancas” de Dostoiévski, quando ainda era aluna do Conservatório Nacional.
Ao longo da sua carreira, integrou importantes companhias como o Teatro Estúdio de Lisboa e o Teatro Experimental de Cascais, contribuindo para a cena teatral independente durante o período da ditadura.
Em 1979, fundou a Companhia de Teatro de Lisboa, onde encenou obras de autores renomados, incluindo James Joyce e Miguel Esteves Cardoso. A sua interpretação como “Molly Bloom”, de “Ulisses” de Joyce, e a encenação de “Cartas Portuguesas Atribuídas a Mariana Alcoforado” foram marcos que a levaram aos palcos internacionais, incluindo atuações no La MaMa Experimental Theatre em Nova Iorque.
Nos seus últimos anos, Graça continuou a brilhar em espetáculos como “Aqui Estou Eu Vírgula Graça Lobo” (2003) e “As Três (Velhas) Irmãs” (2015), uma adaptação de “As Três Irmãs” de Anton Tchékhov. Em 2001, publicou “Sinceramente”, uma coletânea de histórias curtas.
Graça Lobo será sempre lembrada pela sua irreverência, paixão pelo teatro e espírito livre, que marcou profundamente a cultura teatral em Portugal.