Enola Gay, não é apenas uma melodia sonante dos anos 80; é um grito de protesto contra a devastação da guerra, encapsulado numa canção que se tornou um símbolo da era da new wave.
A Banda e o Ano de Lançamento
Os Orchestral Manoeuvres in the Dark (OMD), uma banda britânica formada por Andy McCluskey e Paul Humphreys, emergiram no final dos anos 70 como pioneiros da música eletrónica. Com a sua sonoridade inovadora e letras que desafiavam o status quo, os OMD rapidamente se tornaram uma das bandas mais influentes da new wave. Enola Gay foi lançada a 26 de setembro de 1980, como single do segundo álbum da banda, Organisation. O tema conquistou as tabelas musicais europeias, incluindo o Reino Unido, Alemanha e Austrália, mas também em Portugal, onde teve uma forte repercussão, tornando-se um hino das pistas de dança e das rádios, transformando-se numa referência na música eletrónica da época.
A Letra e o Significado de Enola Gay
Não, apesar do que se possa pensar e muito devido a uma determinada palavra no título da canção, não está mesmo minimamente relacionada com a homossexualidade. À primeira audição, Enola Gay pode soar como uma canção pop ligeira, porém a sua letra aborda vai bem mais longe, abordando um dos episódios mais sombrios da História: o bombardeamento de Hiroshima, a 6 de agosto de 1945. O título refere-se ao avião B-29 Enola Gay, que lançou a bomba atómica Little Boy sobre a cidade japonesa, causando uma devastação sem precedentes.
A letra critica implicitamente a decisão de lançar a bomba e levanta questões morais sobre a guerra. Frases como “Enola Gay, you should have stayed at home yesterday” e “Is mother proud of little boy today?” sugerem um tom irónico e reflexivo sobre a destruição causada e o impacto nas gerações futuras.
A canção, apesar de controversa, conseguiu equilibrar uma mensagem política com um apelo comercial forte, principalmente devido à sua melodia alegre e dançante, que contrasta com a letra sombria, criando um efeito que tem tanto de irónico e poderoso.

Sucesso Global
Após o lançamento, Enola Gay tornou-se um êxito pelo mundo. O seu impacto foi particularmente forte na Europa, onde a Guerra Fria ainda influenciava a cultura e a política. O tema foi também um marco na evolução do synth-pop, influenciando bandas como Depeche Mode, Pet Shop Boys e New Order. A sua sonoridade eletrónica e a letra carregada de significado ajudaram a cimentar a reputação da OMD como uma das bandas mais respeitadas do género.
A canção também foi alvo de controvérsia, com alguns críticos a acusarem os OMD de glorificar o bombardeamento de Hiroshima. No entanto, a maioria das pessoas interpretou a canção como um grito de protesto contra a guerra e a violência. Ao longo dos anos, tornou-se um símbolo do movimento pacifista e uma referência cultural em filmes, séries e documentários sobre a Guerra Fria.
Uma curiosidade em Portugal são as versões humorísticas e paródias que surgiram, especialmente em contextos escolares. Em visitas de estudo, era comum os alunos adaptarem a letra para brincar com situações do quotidiano, mantendo a melodia original. Algumas versões incluíam trocadilhos com nomes de professores ou referências às viagens escolares, como p or exemplo: “Ó professora, devias ter ficado em casa ontem…”
Um Hino Eletrónico
Mais de 40 anos após o seu lançamento, a verdade é que Enola Gay permanece atual, tanto pela sua sonoridade inovadora como pela sua mensagem política. A canção recorda um dos momentos mais controversos do século XX e da história do mundo e continua a ser um poderoso hino sobre o impacto das decisões militares na humanidade. Para os fãs da música dos anos 80, Enola Gay não é apenas um clássico do synth-pop, mas uma peça de história embalada em melodia eletrónica.
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