O ator reflete sobre a infância e os desafios emocionais que moldaram a sua vida pessoal e profissional
Ângelo Rodrigues, um dos rostos mais emblemáticos da televisão portuguesa, conquistou uma carreira invejável e é considerado um talento ímpar da sua geração. No entanto, por detrás do sucesso, o ator carrega um historial emocional marcado por carências afetivas e um vazio deixado pela ausência de afeto na infância. Em entrevista ao programa Alta Definição, Ângelo abriu o coração sobre as feridas emocionais que moldaram a sua personalidade e os desafios que enfrentou para encontrar estabilidade, sobretudo no campo amoroso.
O ator revelou que a sua infância foi marcada pela distância emocional dos progenitores, especialmente do pai, cuja rigidez e falta de demonstrações de carinho deixaram marcas profundas. “Nunca tive um abraço do meu pai na vida”, confessou, enfatizando que cresceu com a sensação de que nada do que fazia era suficiente. “Queria que eu fosse bom naquilo que fazia, mas fomentou sempre a ideia de que nunca estava pronto, de insatisfação”. Essa ausência de afeto fez com que Ângelo se fechasse numa “carapaça impenetrável” durante a adolescência, uma fase que descreveu como solitária e emocionalmente desafiadora.
Na vida amorosa, o reflexo dessas carências foi evidente. Ângelo encontrou alguma estabilidade na relação com Iva Domingues, cuja maturidade e segurança o ajudaram a sentir-se mais equilibrado. Contudo, após o término do relacionamento, o ator nunca mais conseguiu comprometer-se em relações duradouras, acumulando romances breves que, segundo ele, eram uma tentativa de preencher o vazio afetivo. Ângelo reconhece que essa busca por aprovação e amor remonta à infância e à relação distante que teve com o pai.
Um dos momentos mais emotivos da entrevista foi quando Ângelo partilhou a última conversa que teve com o progenitor, nos seus derradeiros dias de vida. “Perguntei-lhe: ‘Porquê que tu nunca me disseste que me amavas?’”, relembrou o ator, explicando que, embora o pai já estivesse debilitado, conseguiu ouvir uma resposta afirmativa, ainda que breve. “Disse-lhe que o amava, e ele respondeu que sim. Deve ter sido a última palavra dele”, revelou, com emoção. Esse momento de honestidade foi um marco para Ângelo, permitindo-lhe finalmente verbalizar os sentimentos reprimidos durante anos.
A entrevista oferece um olhar profundo sobre as batalhas emocionais de Ângelo Rodrigues, destacando como as experiências da infância moldaram o homem e o artista que é hoje.