Imagem publicitária habitual nos areais nacionais, a bola gigante da NIVEA era sinónimo de Verão, areal e muito diversão. Involuntariamente, voltou a ser tema esta semana graças ao apagão de 28 de abril — e às muitas piadas que o transformaram numa viagem aos verões de antigamente.
A bola azul que era presença habitual nas praias portuguesas
Durante décadas, bastava pôr os pés numa praia portuguesa para dar de caras com uma estrutura inconfundível: uma enorme bola azul, com letras brancas a dizer NIVEA. Com cerca de dois metros de diâmetro, visível de longe e normalmente plantada junto a promotores e tendas da marca, a bola tornou-se um símbolo do verão à portuguesa, evocando dias de sol, protetor solar, brincadeiras na areia e a leveza dos anos 80, 90 e inícios dos anos 2000. Não era apenas um objeto decorativo: era um marco no areal, uma peça central de uma estratégia publicitária que ainda hoje é lembrada por muitos.

Como nasceu a ideia?
A NIVEA, marca alemã criada em 1911, construiu a sua reputação com produtos de cuidado da pele — em particular o clássico creme NIVEA, na eterna lata azul. Ao longo do século XX, a marca expandiu-se internacionalmente e, com o aumento do turismo balnear e a crescente preocupação com os perigos da exposição solar, tornou-se uma referência em protetores solares.
Nos anos 70, a marca lançou em vários países europeus — incluindo Portugal — uma ação publicitária inovadora: colocar bola(s) gigante(s) nas praias. O objetivo? Associar a imagem da NIVEA ao verão, à proteção solar e ao bem-estar ao ar livre. E funcionou.
Esta bola gigante da NIVEA serviam múltiplas funções:
- Aumentar a visibilidade da marca em locais de grande afluência.
- Criar sombra e interação, uma vez que muitas eram colocadas junto a zonas de descanso e atividades.
- Ponto de referência visual, num tempo em que “encontramo-nos junto à bola da NIVEA” era uma frase comum nas praias mais concorridas.
- Gerar afeto pela marca, especialmente junto do público mais jovem, através de jogos e brindes.

Um desaparecimento discreto
Com o passar dos anos, e já no novo milénio, a bola gigante da NIVEA começou a desaparecer dos areais portugueses. O que parecia eterno cedeu às novas realidades do marketing e às restrições nas praias. Vários fatores contribuíram:
- Regulamentações ambientais e de publicidade, que limitaram as estruturas comerciais permanentes na orla costeira.
- Mudança nas estratégias de marketing, cada vez mais digitais e menos centradas em ações físicas.
- Custos logísticos elevados, que tornavam a manutenção destas estruturas pouco prática.
O resultado? A bola gigante da NIVEA transformou-se num símbolo do passado, arquivada nas memórias de infância e nas fotografias de álbuns desbotados.
Curiosidades
- Origem alemã: A ideia da bola gigante da NIVEA começou nas praias da Alemanha e rapidamente foi replicada por toda a Europa.
- Problemas com o vento: Houve episódios em que as bolas se soltaram e foram parar ao mar — obrigando a intervenções de nadadores-salvadores.
- Versões temáticas: Em certos anos, a bola vinha acompanhada de campanhas de sensibilização sobre os malefícios da exposição solar.
- Objeto de coleção: Réplicas pequenas da bola chegaram a ser produzidas como brindes, hoje muito procuradas em sites de memorabilia.

O apagão de 28 de abril e o regresso inesperado da bola da NIVEA
Na passada segunda-feira, 28 de abril, grande parte da Europa foi afetada por um apagão massivo que interrompeu o acesso à internet móvel, ao 4G, 5G e até a redes fixas, em várias operadoras e países. Portugal não ficou imune, com relatos de falhas na comunicação, transferências bancárias e serviços online.
Mas o que começou como frustração, foi dando lugar ao humor. E foi aí que… a bola gigante da NIVEA voltou — pelo menos no imaginário popular. Nas redes sociais, surgiram dezenas de memes e piadas que associavam o apagão a um hipotético “regresso à década de 1990”, com comentários como:
“Sem internet? Vou já marcar com os amigos junto à bola da NIVEA.”
“Com este apagão, só falta mesmo o vendedor de bolas de Berlim e a bola da NIVEA para voltarmos à praia de 1997.”
“WhatsApp em baixo, rede sem sinal. Encontro marcado às 15h ao lado da bola da NIVEA.”


A bola transformou-se, de forma inesperada, num símbolo da comunicação analógica e de uma era pré-digital, onde encontros aconteciam sem mensagens, apenas com pontos de referência físicos e confiança no relógio. A bola gigante da NIVEA pode já não marcar presença física nas praias, mas continua presente na cultura popular, evocada com humor e saudade sempre que algo nos faz recordar os verões de outrora. E, ironicamente, foi a ausência de rede que lhe devolveu, por instantes, a sua glória.
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